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DOI: 10.1055/s-0038-1672724
Rara apresentação de ciatalgia crônica: schwannoma do nervo ciático
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentamos o caso de um senhor de 63 anos, que há 4 anos notou aparecimento de tumoração em região glútea direita, dolorosa, com ciatalgia direita associada, sem outras queixas. Refere que o volume tumoral apresentou crescimento lento e progressivo em 2 anos, associado à piora álgica. Ao exame palpou-se tumoração fibroelástica em região glútea direita, com pouca mobilidade, muito dolorosa, com piora na posição sentada e irradiação para face posterior da coxa, posterolateral da perna e dorso do pé direitos, sem déficits motores ou sensitivos. Exame de ressonância evidenciou volumoso tumor em topografia do nervo ciático direito, intraglúteo. Foi abordado via posterior, com completa ressecção tumoral e preservação dos fascículos do nervo ciático justa tumorais. Sem complicações, evoluiu no primeiro pós-operatório com completa remissão da ciatalgia, referindo discreta dor perincisional, sem déficits motores ou sensitivos. O estudo anatomopatológico revelou tratar-se de um schwannoma. Atualmente com 2 anos de seguimento pós-operatório, encontra-se assintomático e sem recidiva tumoral. Tumores da bainha de nervos periféricos são raros, sendo o schwannoma o mais comum deles. Sem predileção por sexo ou raça e na maioria das vezes benigno, apresenta pico de incidência entre 20 e 50 anos, acometendo principalmente o segmento cefálico e membros superiores. Sua apresentação no nervo ciático é bastante incomum, com incidência de 0,6 em 100.000 habitantes, representando cerca de 1% das ciatalgias. Por apresentar um padrão de crescimento lento e oligossintomático, a maioria dos casos relatados foram diagnosticados com vários meses de evolução. Mesmo sendo de apresentação rara, schwannoma do nervo ciático deve ser sempre investigado em um contexto de ciatalgia crônica, refratária as medicas clínicas e sem sinais de radiculopatia compressiva lombar. A ressonância magnética é um excelente recurso para esta avaliação, auxiliando o diagnóstico e planejamento cirúrgico, mas sem dispensar a confirmação histopatológica, que é imprescindível.