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DOI: 10.1055/s-0038-1672704
Aspergiloma primário mimetizando adenoma hipofisário não produtor complicado após fechamento selar: relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação de caso: Paciente, sexo masculino, 45 anos, previamente hígido, apresentou, em junho de 2017, cefaleia intensa e perda da acuidade visual do olho esquerdo. Relata que há 7 meses iniciou quadro de cefaleia, astenia, náuseas, vômitos, perda de peso e queda da função sexual. Ao exame neurológico, amaurose à esquerda e acometimento dos NC IV e VI do lado esquerdo. Foi submetido à RM de crânio que evidenciou lesão cística expansiva, com epicentro na região selar, estendendo-se para área suprasselar, sugestiva de adenoma hipofisário. A avaliação endocrinológica mostrou insuficiência hipofisária parcial. Em setembro, foi submetido à abordagem cirúrgica transesfenoidal para ressecção da lesão, obedecendo no ato cirúrgico padrão de fechamento selar com retalho ósseo. O exame histopatológico revelou infecção por Aspergillus. Iniciado o uso de anfotericina B. Anti-HIV-1 e 2 não reagentes. No sétimo dia de pós-operatório, evoluiu com abscesso selar. Realizada abordagem endoscópica com esvaziamento de material purulento e introdução de cefepime e vancomicina. Prosseguiu estável com retorno parcial do déficit visual.
Discussão: As lesões pituitárias de origem fúngica são extremamente raras. Aspergillus sp. são fungos ubíquos no meio ambiente e a espécie A. fumigatus comumente infecta imunocomprometidos. Entretanto, o paciente do caso descrito não apresentava fatores de imunossupressão. Os seios paranasais e pulmões são os principais sítios primários, ocorrendo infecção através da inalação dos esporos do fungo. A disseminação para o SNC pode ocorrer via hematogênica, ou por contiguidade. A localização intracraniana mais acometida dá-se na região frontal seguida da paraselar. Os aspergilomas localizados na hipófise podem mimetizar processos neoplásicos, a exemplo do caso relatado, pois apresentam clínica e aspectos radiológicos semelhantes aos adenomas pituitários. Porém, achados em RM podem ser sugestivos de infecção fúngica, como hipossinal em imagens ponderadas em T2. A escolha terapêutica no presente relato baseou-se na abordagem cirúrgica transesfenoidal para ressecção da lesão, com padrão de fechamento selar utilizando retalho ósseo. Este evoluiu com abscesso, sendo as infecções causadas por enxertos ósseos raramente relatadas.
Comentários finais: O presente caso mostra relevância, por trata-se de um paciente previamente hígido com lesão pituitária de origem fúngica, pouco relatado na literatura.