CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672697
E-Poster – Infection
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Pott’s puffy tumor: um importante sinal de alerta para uma grave complicação intracraniana

Lucas Pires Augusto
1   HC-USP, Ribeirão Preto
,
Guilherme Augusto Sousa Alcântara
1   HC-USP, Ribeirão Preto
,
Romilto da Costa Pacheco
1   HC-USP, Ribeirão Preto
,
Renato de Carvalho Viana
1   HC-USP, Ribeirão Preto
,
Guilherme Gozzoli Podolsky Gondim
1   HC-USP, Ribeirão Preto
,
Ricardo Santos de Oliveira
1   HC-USP, Ribeirão Preto
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Adolescente do sexo masculino, 14 anos, queixava-se de abaulamento frontal esquerdo com aumento progressivo, sem melhora com antibiótico iniciado há 21 dias. Apresentava volumosa tumoração frontal, dolorosa à palpação. Exame neurológico normal. Ressonância e tomografia de crânio evidenciaram sinusopatia frontoetmoidal esquerda, extenso abscesso em partes moles extracranianas com sinais de osteomielite associada à descontinuidade da parede posterior do seio frontal em comunicação com empiema extradural. Submetido à craniotomia frontal esquerda para evacuação do empiema e cranialização do seio frontal ipsilateral. Após 6 semanas de antibioticoterapia endovenosa, guiada por cultura positiva para Peptostreptococcus sp., evoluiu com melhora completa do quadro clínico.

Discussão: Descrito por Percivall Pott no século 18, o tumor de Pott é uma rara e grave complicação infecciosa, descrita como abscesso subperiosteal do osso frontal, que se apresenta com edema da fronte, associado a osteomielite e coleções intracranianas, na maioria dos casos, secundária a uma sinusite aguda. Nas últimas décadas, com o acesso ao uso dos antibióticos, tem se tornado raro e por isso, muitas vezes, diagnosticado tardiamente. As informações disponíveis na literatura até o ano presente são provenientes de relatos ou pequenas séries de casos clínicos. Geralmente se apresenta em adolescentes (em média 11 anos) como uma tumoração local, com flogose da região frontal, associada a febre e cefaleia. Frequentemente são complicações de uma sinusopatia vigente, mas há casos descritos secundários a trauma do osso frontal. A via de disseminação é facilitada através da drenagem venosa sinusal, desprovida de mecanismo valvular (canais de Breschet), que se conecta ao plexo venoso da dura-máter, da periórbita e do periósteo craniano. As complicações intracranianas estão presentes em até 85% dos casos, como meningite, empiema epidural ou subdural, abscesso cerebral e trombose do seio cavernoso. Os microrganismos relacionados são Streptococcus, Staphylococcus, Haemophilus influenzae, Enterococci e Bacteroides sp. Institui-se o tratamento com antibióticos por via endovenosa, guiados por cultura da coleção, e de drenagem e desbridamento do osso acometido, através de craniotomia, podendo ser combinado a procedimento endoscópico endonasal.

Comentários finais: O diagnóstico e a abordagem cirúrgica precoce são os pilares da prevenção de sequela neurológica e sepse.