CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672691
E-Poster – Infection
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento cirúrgico de abscesso hipofisário por Staphylococuus epidermidis: um caso raro

Davi Pereira Barbosa Junior
1   Universidade Federal do Piauí (UFPI)
,
Guilherme Marconi Guimarães Martins Holanda
1   Universidade Federal do Piauí (UFPI)
,
Antônio Pedro do Nascimento
2   Hospital Getúlio Vargas
,
Reynaldo Mendes de Carvalho Junior
1   Universidade Federal do Piauí (UFPI)
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: S.M.C.L., sexo feminino, 55 anos, doméstica, foi internada com cefaleia frontal intensa pulsátil à direita, intermitente, diária, gradual com início quatro meses antes da internação, associada à progressiva perda visual bilateral, principalmente no olho direito e hemianopsia heterônima. Relatou ser previamente hígida, sem histórico médico comprometedor, rinossinusites, sinais meníngeos, imunodepressão ou febre. Exames laboratoriais mostraram níveis reduzidos de TSH, FSH, LH, prolactina e cortisol, mas com ACTH e GH normais. Ressonância Magnética Nuclear (MRI) mostrou lesão expansiva selar heterogênea, cuja principal hipótese diagnóstica foi tumor hipofisário com necrose em seu interior. A paciente foi submetida à cirurgia transesfenoidal com a utilização de aspirador cirúrgico ultrassônico e biópsia, cuja conclusão histopatológica foi processo inflamatório crônico organizado com fibrose e área de necrose, com “ausência de inflamação específica ou sinais de malignidade”. Cultura do material isolado evidenciou Staphylococcus epidermidis. O pós-operatório foi favorável com alta cinco dias após a cirurgia. A paciente apresentou melhora no quadro álgico e a visão permanece deficitária bilateralmente, mas com ganho significativo à direita. Segue em tratamento com antibioticoterapia de acordo com teste de sensibilidade.

Discussão: Abscesso hipofisário (AH) é uma patologia rara, representando menos de 1% das causas de lesão pituitária. Em 70% dos casos desenvolve-se em glândula normal enquanto em 30% existe lesão prévia como adenoma hipofisário ou cistos de bolsa de Rathke. Cirurgia hipofisária e/ou esfenoidal é relatada em cerca de 40% dos pacientes com AH. Staphylococcus sp. e Streptococcus são os patógenos mais comumente isolados. A principal manifestação é cefaleia, hipopituitarismo variado e alteração visual. Febre, meningismo e leucocitose não ocorrem em 70 a 80% dos pacientes. O prognóstico depende da drenagem cirúrgica e antibioticoterapia, com mortalidade menor que 10%. A cirurgia transesfenoidal é a opção terapêutica padrão por evitar a contaminação liquórica.

Considerações finais: O relato mostra um caso de AH em paciente imunocompetente sem história prévia de infecção e cirurgias. Sua raridade, além das manifestações clínicas e radiológicas inespecíficas dificultam o diagnóstico pré-operatório e o manejo destes pacientes.