Reconstruções tridimensionais em software open-source no planejamento e na execução do tratamento cirúrgico das epilepsias relacionadas às displasias corticais focais

Introdução: A ressecção completa das displasias corticais focais (DCFs) representa um desafio cirúrgico pela dificuldade de se distinguir o tecido displásico do normal. O presente estudo descreve uma série de casos nos quais foram realizadas ressecções de DCFs utilizando técnica de cirurgia guiada por imagem baseada no uso de reconstruções tridimensionais em um software open-source gratuito.

Objetivo: O objetivo deste trabalho é usar um instrumento que facilite a ressecção completa dessas lesões. Nesse sentido, descrevemos uma técnica de reconstrução tridimensional em ambiente virtual, utilizando um software open-source gratuito para planejamento pré-operatório e para cirurgia guiada por imagem em uma série de pacientes com epilepsia refratária por DCFs.

Métodos: As imagens de RM do encéfalo foram processadas com um recurso “3D volume rendering” do software Horos versão 1.1.7, permitindo a reconstrução 3D da área displásica e sua relação com sulcos, giros e veias da superfície. RESULTADOS: Em cinco casos, as reconstruções 3D foram realizadas com sucesso. O tempo médio para reconstrução das imagens foi de 30 minutos. Nestes casos as lesões displásicas eram localizadas no lobo frontal direito e a RM pós-operatória mostrou a ressecção completa da lesão. A localização das DCFs foi verificada em todos os casos com eletrocorticografia (ECoG) pré-ressecção e repetida ao final, confirmando a ausência de atividade epileptiforme. Após seguimento médio de 1 ano e 8 meses, 3 pacientes permaneceram na classe 1A de Engel e 2 na classe 3.

Discussão: O método proposto surgiu da necessidade de se desenvolver uma alternativa eficiente e de baixo custo para melhor delimitação da área de ressecção em cirurgias para DCFs. Mesmo nas situações nas quais há disponibilidade de sistemas de neuronavegação, esse software open-source proporciona informação adicional na medida em que proporciona a visualização em detalhes das peculiaridades anatômicas individuais, além de ser um método complementar que permite localização a despeito do brain shift. Isso permite, melhor entendimento espacial e intraoperatório da lesão e, consequentemente, maior grau de segurança para o paciente e menor taxa de complicações.

Conclusão: A técnica proposta é capaz de fornecer reconstruções tridimensionais que correspondem aos achados intraoperatórios, permitindo planejamento e exérese completa da região pretendida em casos de DCFs.