Estimulação elétrica centrada no campo h de Forel para distúrbios de marcha na doença de Parkinson avançada: análise de marcha e equilíbrio com base instrumentada

Introdução: Os distúrbios de marcha e do equilíbrio são sintomas frequentes na Doença de Parkinson (DP) avançada, comprometem a qualidade de vida e são frequentemente refratários às terapias farmacológicas e cirúrgicas. Melhoria destes sintomas foram reportados em 11 pacientes após campotomia de Forel unilateral e após estimulação elétrica bilateral em um paciente com DP. Estes resultados viabilizaram o estudo da estimulação do campo h de Forel (FF-DBS) no tratamento dos distúrbios da marcha e do equilíbrio na DP avançada.

Objetivos: Avaliar o impacto da estimulação elétrica bilateral centrada no campo h de Forel (FF-DBS) nos sintomas motores de portadores de DP avançada, com foco nos sintomas axiais e na qualidade de vida.

Métodos: Cinco pacientes com DP foram submetidos à FF-DBS. A avaliação motora incluiu as escalas: Unified Parkinson’s disease Rating Scale parte III (UPDRS III), equilíbrio de Berg, inventário de quedas, questionário de bloqueio da marcha (FOG), Eficiência de quedas (FES), Índice dinâmico de marcha (DGI), qualidade de vida (PDQ-39) e análise cinemática de marcha por sensores acoplados ao corpo. O mapeamento cirúrgico foi realizado através de fusão de tomografia estereotáxica com ressonância magnética não estereotáxica, associado a microregistro intraoperatório e macroestimulação. As avaliações motoras foram feitas nos períodos pré e pós-operatório (6 meses) em condição medicamentosa off.

Resultados: houve redução de 50,8% nos valores da UPDRS III (P < 0,01) e de 25% na dose equivalente de levodopa (p = 0,04). Houve melhoria do equilíbrio, atestado pela redução dos valores na escala de Berg (P < 0,01) e redução no número de quedas (p < 0,001). Redução também foi observada nos valores da escala de FOG (p < 0,01), bem como na DGI p = 0,014) e na escala FES (48,4% – p < 0,01). A análise cinemática de marcha mostrou melhora significativa na duração do ciclo de marcha (p = 0,03), tempo “sentado-levantado” (p < 0,01), tempo “levantado-sentado” (p = 0,03), duração da virada (p = 0,02), velocidade de virada (p = 0,004), e na área formada pelo balanço durante a marcha (p = 0,02). A qualidade de vida melhorou em 54,4% (p < 0,01). Não houve complicações cirúrgicas graves.

Conclusões: FF-DBS trouxe melhora significativa nos sintomas motores, incluindo o equilíbrio e a marcha em portadores de DP avançada. Houve redução de quedas e melhoria na qualidade de vida, sem complicações cirúrgicas graves.