CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672643
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Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Neurectomia dos ramos sensitivos do joelho para o tratamento da dor crônica: relato de caso

Isabela Oliveira Gomes
1   Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros
,
Henrique Nunes Pereira Oliva
1   Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros
,
Marcelo José da Silva de Magalhães
2   Hospital Vila da Serra
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Paciente SSR, 39 anos, sexo feminino, ex-vendedora, compareceu ao serviço de saúde especializado, devido a sequelas de um acidente motociclístico ocorrido em 17/01/2015. Foi submetida a tratamento conservador de sua fratura cominutiva do platô tibial à esquerda. Evoluiu nos meses subsequentes com quadro de dor crônica, com pontuação 8 na Escala Analógica de Dor (EAD) ao caminhar ou permanecer em ortostatismo. Exames de imagem do joelho esquerdo revelaram a presença de osteoartrose na região do platô tibial. Em seu exame físico notou-se presença de crepitação ao movimento passivo do joelho, aumento do volume articular à inspeção, ausência de sinais inflamatórios ou déficits da motricidade. A paciente consultou com ortopedista, que sugeriu artroplastia para melhor controle de dor. Após consulta com neurocirurgião, foi oferecido como opção cirúrgica a neurectomia, por ser um procedimento menos invasivo. Foi informada sobre os possíveis benefícios e riscos da neurectomia para tratamento da dor. A paciente foi submetida à anestesia geral, sem o uso de bloqueador muscular. Foram realizadas duas incisões lineares ao nível do joelho, uma vertical na parte medial infrapatelar e outra oblíqua na parte lateral do joelho. Foram dissecados os ramos sensitivos articulares dos nervos safeno interno, fibular comum e femoral, efetuando-se, em seguida, a neurectomia (secção) desses, após o teste com a neuroestimulação. Os ramos articulares provenientes do nervo tibial não foram submetidos à neurectomia. O membro operado não foi imobilizado e a paciente recebeu alta no dia seguinte. A paciente relatou redução da dor no 1° dia e no 60° dia de pós-operatório, com pontuação 3 na EAD. Afirmou também maior tolerância para caminhar e permanecer em ortostatismo. Não houve complicações na ferida operatória no pós-operatório.

Discussão: a osteoartrose do joelho pode acarretar quadro de dor de caráter crônico com diferentes opções terapêuticas. Entre elas, a artroplastia do joelho que é um procedimento cirúrgico de maior porte com potenciais complicações graves. A neurectomia dos ramos articulares do joelho encontra-se como uma opção intermediária entre os tratamentos conservador e a artroplastia.

Comentários finais: Estudos comparativos ainda são necessários entre as diferentes modalidades de tratamento cirúrgico para a osteoartrose. Um maior período de follow-up será necessário para se avaliar a efetividade do procedimento em longo prazo.