CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672609
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Hematoma epidural espinhal espontâneo: relato de caso

Waldman Santos Davi
1   Unemat
,
Renato Carvalho Santos
2   UFMT
,
Kassya Stephanie Sousa de Araújo
1   Unemat
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Lívia Christine Santana e Silva Carvalho
1   Unemat
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Mayara Figueiredo Araújo Nascimento
1   Unemat
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Lara Santini Antônio Barrionuevo
1   Unemat
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: G.S.B, 66 anos, sexo feminino, encaminhada ao atendimento de neurocirurgia apresentando quadro de paresia em membro inferior direito e anestesia em sela de início subito há 14 dias. A paciente é hipertensa e diabética. Foi submetida à RM de coluna lombossacra que revelou lesão lentiforme espontaneamente hiperintensa na ponderação T1, denotando alto conteúdo proteico/hemorrágico, localizado no espaço epidural posterior, ao nível dos corpos vertebrais de T11 a L2, comprimindo acentuadamente o saco dural, a medula espinhal dorsal inferior, o cone medular e as raízes da cauda equina, compatível com hematoma epidural espinhal. A paciente foi submetida à laminectomia descompressiva de T11 a L2 15 dias após o aparecimento dos sintomas. No ato cirúrgico, não se revelou a presença de lesões estruturais vasculares ou tumorais responsáveis pelo sangramento. Após drenagem observou-se expansão do saco dural. No momento da alta, apresentava melhora na força muscular e na dor. Nos 8 meses após o procedimento cirúrgico, houve melhora progressiva da paresia em MMII, com força muscular de grau 4, deambulando sem apoio. Atualmente, apresenta BEG e FM 5/5.

Discussão: Os hematomas epidurais espinhais espontâneos (HEEE) são condições raras que podem ocasionar déficits neurológicos irreversíveis, e, portanto, devem ser diagnosticados e tratados precocemente. Essa patologia representa 0,3 a 0,9% das lesões que ocupam o espaço no canal vertebral epidural. Diversos fatores de risco estão envolvidos em sua etiologia, como terapia anticoagulante, punção lombar, hipertensão, trauma, malformações arteriovenosas (MAV), cirurgia e punção lombar. O diagnóstico pode ser realizado por meio da mielotomografia computadorizada, porém é mais bem definido pela RM, que demonstra uma lesão iso ou hipointensa em T1 e hiperintensa em T2. O tratamento de escolha é cirúrgico por ser um método seguro e efetivo. A essa terapêutica segue-se terapia com corticosteroide e fisioterapia motora. O tratamento clínico é possível em alguns casos com corticoterapia, desde que os déficits neurológicos sejam discretos e não se agravem no curso clínico.

Comentários finais: Em suma, os HEEEs diferem na apresentação clínica e no manejo conforme a localização na coluna vertebral. Assim, a imediata confirmação por meio de neuroimagem é primordial. O prognóstico dos déficits neurológicos depende do intervalo de tempo entre o início dos sintomas e a descompressão cirúrgica.