CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672527
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Monitoração não invasiva transoperatória da pressão intracraniana em paciente com malformação de Chiari tipo 1: relato de caso e prospecção do significado e aplicabilidade clínica do método

Eloy Rusafa Neto
1   Hospital das Clínicas da USP
,
Roger Brock
1   Hospital das Clínicas da USP
,
Wellingson Silva Paiva
1   Hospital das Clínicas da USP
,
Gustavo Frigieri
2   Braincare
,
Manoel Jacobsen Teixeira
1   Hospital das Clínicas da USP
,
Robson Amorim
1   Hospital das Clínicas da USP
› Author Affiliations
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Paciente masculino, 46 anos, submetido à descompressão de fossa posterior para tratamento de malformação de Chiari há 15 anos com piora progressiva dos sintomas desde a cirurgia, dificuldade de deglutição reflexo palatino diminuído bilateralmente, hemianestesia a D e hipoestesia a E, visão dupla, Sd. cerebelar axial e apendicular e tetraparesia grau 4. RM de coluna cervical revelava herniação das tonsilas pelo forame magno 1 cm com siringomielia. Monitoração não invasiva da pressão intracraniana (MNIPIC) revelou P2 > P1 no pré-operatório. No transoperatório, realizada a MNIPIC: início do procedimento P2 estava acima de P1. Após abertura da dura-máter houve diminuição de P2 e aumento de P1, que superou amplitude em mais de 50%, denotando retorno a complacência cerebral a níveis normais. Após a drenagem de LCR das cisternas e quarto ventrículo houve maior diminuição de P2. No pós-operatório houve melhora da síndrome cerebelar, da dificuldade de deglutição, bem como da hipoestesia, e a força motora que passou a ser grau 4 +.

Discussão: A MNIPIC, idealizada pelo físico Sérgio Mascarenhas é um método inovador e permite a análise da morfologia das curvas da PIC em situações que antes não era possível ou conveniente, devido à necessidade de trepanação para implantação do cateter em tecido cerebral. O comportamento e significado clínico da PIC na avaliação ambulatorial de doenças não era possível até o advento da MNIPIC. Seus aspectos qualitativos sempre foram menos valorizados pela maioria dos neurocirurgiões em detrimento de um valor isolado. A análise das curvas, no entanto, reflete as alterações da complacência cerebral e são indicativas do comprometimento da homeostasia do tecido e circulação do LCR. Neste relato de caso, o primeiro apresentado na literatura mundial em que foi realizada a MNIPIC intraoperatória, houve mudança da relação das curvas P1 e P2 durante a abertura da dura-máter e drenagem de LCR o que reforça a correlação das alterações da PIC com as ondas de PIC registradas e corrobora para confirmação da efetividade do método.

Comentários: A MNIPIC é um método ainda em validação clínica com potencial de romper os paradigmas da análise fisiopatológica e orientar decisões clínicas por fatores preditivos de evolução das diferentes doenças de acordo com a complacência cerebral. Alterações transoperatórias das curvas de PIC são o início da evidência de que a aplicabilidade do método mudará a visão que temos de doenças como a MFC1.