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CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672510
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Herniação medular ventral idiopática como causa de mielopatia torácica: relato de caso

Antônio Gomes Neto
1   Hospital Geral de Fortaleza
,
Édson Lopes Junior
1   Hospital Geral de Fortaleza
,
André Soldati Antnio
1   Hospital Geral de Fortaleza
,
Igor Montenegro Padilha Holanda
1   Hospital Geral de Fortaleza
,
Rafael Costa Lima Maia
1   Hospital Geral de Fortaleza
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: M.R.L, 37 anos, sexo masculino, com fraqueza em membro inferior direito (MID) iniciado em junho de 2016, com piora progressiva a partir de fevereiro de 2017. Em novembro de 2017, evoluiu com dorsalgia alta com irradiação para o MID, associado a espasticidade e hipoestesia térmica e dolorosa no membro inferior esquerdo (MIE). Progrediu com perda de força no MIE, associado à incontinência urinária e fecal. A ressonância magnética de coluna torácica evidenciou deslocamento anterior da medula junto ao saco dural, no nível T7–T8. Técnica Cirúrgica: consistiu em laminectomia de T6 à T9, com monitoração intraoperatória. Identificação do kink na medula no nível de T7–T8. Identificação da falha dural. Interposição de substituto dural e duroplastia. Evoluiu com recuperação neurológica, após 30 dias, apresentando grau 0 na escala de Nurick e 16 pontos na Escala modificado de JOA.

Discussão: A herniação medular pode ocorrer espontaneamente ou secundária a trauma e procedimentos cirúrgicos. Caracteriza-se por um deslocamento anterior ou anterolateral por um defeito dural ventral. Descrita pela primeira vez em 1974, tendo aproximadamente 270 casos foram descritos na literatura. A Herniação Medular Ventral Idiopática (ISCH) acomete adultos de meia-idade e idosos, com predominância pelo sexo feminino. Os níveis mais acometidos foram T4–T5, T5–T6, T6–T7 e T7–T8. Os sintomas clínicos dependem do local da herniação medular. A Síndrome de Brown-Séquard progressiva é a apresentação clínica mais comum, seguida da paraparesia espástica, disfunção esfincteriana e dorsalgia. O diagnóstico pode ser obtido por achados no intra-operatório, por imagem de ressonância magnética ou de Mielotomografia. É frequentemente mal diagnosticada e o principal diagnóstico diferencial é com cisto aracnoide medular. A literatura mostra bons resultados cirúrgico, com uma taxa de 70–74% de melhora. Poucos casos desenvolveram recorrência da herniação ou complicações como edema medular e fistula liquórica.

Conclusão: A ISCH é uma causa rara de mielopatia torácica, com boa resposta ao tratamento cirúrgico e baixas taxas de recorrência e complicação. A história natural da ISCH permanece incerta. Paciente com sintomas neurológicos progressivos são tratados de forma cirúrgica. Pacientes com diagnóstico radiológico de ISCH, sem sintomas clínicos, podem ser acompanhados de forma conservadora. Apesar de diversas teorias, a etiologia permanece incerta, necessitando de mais estudos prospectivos.