CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672401
Oral Presentation – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Embolização de malformações arteriovenosas cerebrais por via venosa: estudo prospectivo

Lucas Pereira Reichert
1   Faculdade de Medicina Nova Esperança
,
Gustavo Cartaxo Patriota
2   Universidade Federal da Paraíba
,
Daniel Espíndola Ronconi
3   Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena
,
Leonardo Ribeiro de Moraes Ferreira
1   Faculdade de Medicina Nova Esperança
,
Charbel Mounayer
4   Hôpital Dupuytren
,
George de Albuquerque Cavalcanti Mendes
4   Hôpital Dupuytren
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: O tratamento endovascular de malformações arteriovenosas cerebrais é usualmente realizado por via arterial. Em várias circunstâncias, o acesso vascular à malformação arteriovenosa (MAV) não é factível pela via arterial. Tentativas excessivas de microcateterismo nesses casos podem resultar em um aumento do índice de complicações. A embolização venosa foi desenvolvida para tratamento curativo de MAV sem acesso por via arterial, e vem destacando-se como uma nova possibilidade terapêutica para estas lesões desafiadoras.

Objetivo: Avaliar os resultados de intervenções cirúrgicas em pacientes com MAV submetidos à embolização por via venosa.

Metodologia: Quarenta pacientes portadores de 41 MAV foram submetidos à embolização por via venosa, entre janeiro de 2009 e janeiro de 2015, em um hospital de referência. Foram inclusas MAV rotas e MAV não rotas associadas a fatores de risco como aneurismas intranidais e shunts de alto débito. As malformações foram agrupadas conforme o tamanho da lesão, escore de Spetzler-Martin, padrão de drenagem venosa e localização anatômica. Ressonância magnética foi realizada em todos os pacientes antes e depois do procedimento.

Resultados: Trinta e oito das 41 MAV (92,6%) foram curadas. A idade média dos pacientes foi de 37,7 anos (variando de 18 a 69 anos), sendo 55% de pacientes mulheres. O tamanho médio dos nidus foi de 2,8 cm (± 1,2 cm), sendo que 41,5% das lesões eram de baixo grau (I e II) pelo escore de Spetzler-Martin. A maioria dos pacientes foi tratada em apenas um procedimento (56%, n = 23). O tempo médio de seguimento dos pacientes foi de 28,4 meses (variando de 6 a 106 meses). Houve uma (2,5%) complicação hemorrágica decorrente do manuseio do microcateter e uma (2,5%) trombose venosa, mas sem consequências clínicas. Após 6 meses de follow-up, apenas um (2,5%) paciente apresentou déficit funcional. A mortalidade geral foi de 2,5%, e a relacionada ao procedimento, 0%.

Conclusão: O estudo demonstrou uma alta taxa de obliteração nas MAV tratadas com a embolização transvenosa, com excelente prognóstico funcional, em pacientes com e sem rotura dos nidus. Esse manejo é promissor e garante novas pesquisas como uma forma de tratamento para MAV seletas.