CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672386
Oral Presentation – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento do hematoma intraventricular espontâneo por fibrinólise local através de derivação ventricular externa

Gustavo Correa Lordelo
1   HC-FM-USP
,
Almir Ferreira de Andrade
1   HC-FM-USP
,
Saul Almeida da Silva
1   HC-FM-USP
,
Ricardo Ferrareto Iglesio
1   HC-FM-USP
,
Wellingson Silva Paiva
1   HC-FM-USP
,
Eberval Gadelha Figueiredo
1   HC-FM-USP
,
Manoel Jacobsen Teixeira
1   HC-FM-USP
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Hematoma intraventricular espontâneo (HIVE) ocorre em cerca de 40% dos casos de hemorragia intracerebral espontânea (HICE). Zurasky et al. (2005) associaram o HIVE a um aumento significativo nos índices mortalidade, devido ao aumento no volume do sangramento intracerebral, oclusão do 3° e 4° ventrículos, levando à hidrocefalia obstrutiva, além da toxicidade pelos produtos do sangue no ventrículo. HIVE é um preditor independente de morbidade e mortalidade. Estudos anteriores mostram que a administração do ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA) intraventricular é segura e acelera a resolução de hematoma intraventricular, reduz a pressão intracraniana (PIC), reduz a necessidade de derivação do líquido cefalorraquidiano (LCR) e o dano neuronal direto. Paciente masculino, 61 anos, hipertenso, encontrado inconsciente em domicílio. Realizada entubação orotraqueal na cena, foi transferido para serviço de emergência. Escala de coma de Glasgow à admissão (ECGLa) de 10 pontos, entubado, pupilas isocóricas. Tomografia de crânio inicial (TC1) revelou hematoma intracerebral putaminal à esquerda associado a hematoma intraventricular, ocupando ventrículos laterais, maior à esquerda, 3° e 4° ventrículos. Angiotomografia craniana sem lesões vasculares visíveis. Após aplicação do escore para quantificar extensão intraventricular da hemorragia intracerebral (IVH-score), volume estimado em 30 mL. Instalado cateter intraventricular frontal direito para monitoração contínua da PIC, acoplado ao sistema de derivação ventricular externa (DVE). Protocolo de trombolítico: aspirado 5 mL de LCR, injetado 3 mL de rtPA, fechamento imediato do sistema de DVE por 1 hora e abertura subsequente. TC2 de controle, 1 hora após, mostrou melhora do hematoma em 3° e 4° ventrículos. TC3, realizada 3 dias após, mostrou resolução completa do hematoma em 3° e 4° ventrículos e melhora do hematoma no sistema ventricular. Após 7 dias, na TC4, foi vista resolução completa dos hematomas intraventriculares. No 9° dia de drenagem contínua, paciente com ECGL de 11 pontos, obedecendo a comandos, pupilas isocóricas. O tratamento do hematoma intraventricular é um desafio à neurocirurgia de emergência por estar associado com elevados índices de mau funcionamento do sistema de derivação ventricular. Naff et al. (2011) mostraram a possibilidade de tratamento desta entidade com uso de rtPA intraventricular com bons resultados. O caso do paciente ilustra o tratamento de HIVE com desfecho clínico e radiológico favorável.