CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672384
Oral Presentation – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Lesão traumática isquêmica e edema do giro reto bilateral por alteração hemodinâmica no território da artéria cerebral anterior

Felipe Campos de Souza
1   HC-FM-USP
,
Almir Ferreira de Andrade
1   HC-FM-USP
,
Saul Almeida da Silva
1   HC-FM-USP
,
Ricardo Ferrareto Iglesio
1   HC-FM-USP
,
Bruno Monteiro Reis
1   HC-FM-USP
,
Wellingson Silva Paiva
1   HC-FM-USP
,
Eberval Gadelha de Figueiredo
1   HC-FM-USP
,
Manoel Jacobsen Teixeira
1   HC-FM-USP
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

O girus rectus é uma estrutura anatômica que está localizada na região medial do assoalho da fossa anterior. Possui duas diferentes fibras de associação: as curtas, que o conectam ao corpo caloso, e as longas, que o ligam ao giro do cíngulo. Foi descrita uma íntima relação anatomofuncional entre o giro reto e o núcleo accumbens com suas potenciais implicações em termos cognitivos. Suprimento sanguíneo é proveniente da artéria orbitofrontal e de ramos da artéria recorrente de Heubner. Lesões cirúrgicas unilaterais do girus rectus não estão associadas a comprometimento cognitivo. Lesões bilaterais podem levar a comprometimento da memória, funções executivas e comportamento. Apresentamos paciente masculino, 65 anos, queda da própria altura, sem perda de consciência, amnésia de 10 minutos. Admitido com ECGla de 15 pontos. TC revelou contusão subfrontal esquerda. No segundo dia, evoluiu com cefaleia, náuseas e alteração comportamental. TC mostrou lesão isquêmica do girus rectus bilateral confirmada por RM na sequência difusão. A lesão do girus rectus unilateral em cirurgia de aneurisma de comunicante anterior é frequente e assintomática. Quando a lesão é bilateral, pode levar a alterações de memória, comportamento e funções executivas. A prevalência de vasoespasmo em vítimas de TCE grave é de 5 a 10%. Embora clinicamente mais leve, assemelha-se às características morfológicas do vasoespasmo decorrente de rotura de aneurisma em estudos histopatológicos. Após o TCE, outros fatores, além da hemorragia meníngea traumática, devem ser considerados na gênese do vasoespasmo. Estiramento direto ou irritação mecânica das artérias cerebrais podem aumentar o desenvolvimento precoce do vasoespasmo e edema pós-traumático. Isto pode explicar por que o vasoespasmo pós-traumático foi encontrado em pacientes nos quais TC e punções lombares não demonstram sangue no líquor. Não encontramos na literatura alusão a caso semelhante de vasoespasmo traumático implicando isquemia bilateral de giro reto, o que torna este relato único e de grande valia.