CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672383
Oral Presentation – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

O potencial evocado como preditor de mortalidade em vítima de traumatismo cranioencefálico

Beatriz Gonçalves de Oliveira
1   Universidade Paulista
,
Anny Michelly Coelho de Nascimento
3   Universidade Federal do Amazonas
,
Sílvio Fernandes
2   HC-USP
› Author Affiliations
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é qualquer injúria física ou funcional no encéfalo, principal determinante na morbidade e mortalidade no trauma. Em TCE graves com alta morbidade um dos grandes desafios dados aos médicos é em relação às expectativas de despertar e ao resultado funcional para com a família do paciente, o que exige cada vez mais ferramentas eficazes de prognóstico. O crescimento dos estudos eletrofisiológicos com foco no potencial evocado somatossensorial (PEss), respostas medidas em sinais elétricos do cérebro após um estímulo sensorial, e no potencial evocado auditivo (PEa), modificações elétricas que ocorrem no sistema nervoso auditivo geradas em diversos níveis do sistema nervoso auditivo central diante de uma estimulação acústica.

Objetivo: A pesquisa tem o objetivo de verificar se o uso do potencial evocado é capaz de predizer mortalidade hospitalar, precoce e tardia, no paciente vítima de TCE.

Métodos: A partir de um banco de dados de pacientes vítimas de TCE, foram identificados 45 pacientes que foram submetidos ao exame de potencial evocado somatossensitivo (PEss) e auditivo (PEa), no período de janeiro de 2013 a janeiro de 2015. O PEss e o PEa foram classificados como ausente, anormal ou normal, bilateralmente. Foram realizadas então a soma dos pontos para cada exame (0–4) e a somatória final (0–8).

Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo masculino (91,1%). A idade média foi de 36,1 +− 14,7 anos. A mediana da escala de coma de Glasgow na admissão foi 4 (IQ25 = 3, IQ75 = 7). Treze (28,9%) apresentaram PEss normal, e 15 (33,3%) apresentaram PEa normal, bilateralmente. Foi observada correlação entre a pontuação no PEss bilateral e a possibilidade de óbito hospitalar e tardia (r = 0,32, p = 0,02 e r = 0,54, p = 0,001), respectivamente. Com relação ao PEa, houve correlação com os três desfechos estudados (r = 0,49 e p = 0,0005 para mortalidade em 14 dias; r = 0,52 e p = 0,002 para mortalidade hospitalar, e r = 0,42 e p = 0,03 para mortalidade tardia). A somatória final (PEss+PEa) foi a que determinou maior correlação com o desfecho mortalidade tardia (r = 0,59, p < 0,0001). A mortalidade tardia nos pacientes com PEss ausente bilateral (n = 17) foi de 82,3%, e nos pacientes com PEa ausente bilateral (n = 7) foi de 100%. Não houve óbito nos pacientes com PEss e PEa simultaneamente normais (n = 7).

Conclusão: Os potenciais evocados são uma ferramenta útil na definição do prognóstico dos pacientes vítimas de TCE, e, quando avaliados de forma associada, podem determinar maior precisão no desfecho clínico.