CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672372
Oral Presentation – Neurointensivism
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Desfecho pós-hospitalar dos pacientes com HSA manejados em um centro de referência

Carla Bittencourt Rynkowski
1   Hospital Cristo Redentor
,
André Martins de Lima Cecchini
1   Hospital Cristo Redentor
,
Ericson Sfreddo
1   Hospital Cristo Redentor
,
Paulo Worm
1   Hospital Cristo Redentor
,
Adilson Adair Boes
1   Hospital Cristo Redentor
,
Vanessa Pegoraro Maschke
1   Hospital Cristo Redentor
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: A hemorragia subaracnóidea (HSA), emergência neurocirúrgica que acomete população de meia-idade, economicamente ativa, pode atingir uma mortalidade de até 60% em 6 meses. Dependendo do grau de sequela, estima-se que apenas 30% dos pacientes retomem sua vida normal.

Objetivo: Descrever o perfil e avaliar o desfecho 3 meses após alta hospitalar dos pacientes com HSA manejados em um hospital de referência neurocirúrgica.

Métodos: Estudo observacional prospectivo de pacientes com HSA espontânea admitidos no Hospital Cristo Redentor (HCR), Porto Alegre, entre setembro de 2016 e novembro de 2017. Para análise estatística, foi usado teste qui-quadrado com software SPSS.

Resultados: Foram incluídos 106 pacientes, e a idade média foi de 54,7 anos (± 12,9). O sexo feminino predominou (66%) e se associou a pior desfecho funcional, avaliado pela escala de Rankin modificada (mRS), graus 4 a 6 (p = 0,009). O tabagismo, presente em 57% dos casos, também determinou pior prognóstico (p = 0,04). A mortalidade hospitalar foi de 21,7%. Cerca de 80% dos pacientes vieram transferidos de outra instituição. Os pacientes que apresentavam escala de coma de Glasgow ≤ 8 (28%) apresentaram pior desfecho (p = 0,015), bem como os de alto grau, escala de Hunt e Hess 4 e 5, que corresponderam a 26,5% dos casos (p = 0,0001). Também tiveram pior desfecho os pacientes com classificação tomográfica de Fisher de 3 e 4, que representaram 88% da amostra (p = 0,014). Em 70% dos casos o aneurisma foi tratado, sendo 89% submetidos à clipagem cirúrgica, e os demais, à embolização. A mediana de tempo entre o ictus e o tratamento foi de 4,5 dias, mas entre a admissão no HCR e o tratamento, de 2,6 dias. As principais complicações foram ventriculite (41%), hidrocefalia (35%), vasoespasmo sonográfico (36%), isquemia cerebral tardia (ICT) (18%) e ressangramento (11%). O vasoespasmo sonográfico não se correlacionou a pior prognóstico (p = 0,483); já os pacientes com ICT desenvolveram pior desfecho (p = 0,038). Em 3 meses, 59% dos pacientes apresentavam bom desfecho funcional e mRS entre 0 e 3.

Conclusão: O perfil, de forma geral, assemelha-se ao de outros centros de referência em HSA. Apesar de o tempo intra-hospitalar entre admissão e tratamento estar adequado, observa-se um alargamento desse intervalo quando se considera ictus-tratamento, decorrente das transferências de outros centros. O conhecimento dos dados locais permite ajustes necessários para uma melhor adequação do sistema de saúde.