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DOI: 10.1055/s-0038-1672362
Alterações hemodinâmicas sistêmicas durante a compressão do gânglio trigeminal com balão com ou sem bloqueio anestésico local
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
A microcompressão por balão tem sido a técnica percutânea mais realizada para tratamento da neuralgia essencial do trigêmeo. É considerado um procedimento seguro, rápido e eficaz. Na realidade, este é um procedimento com grande potencial de complicação cardiovascular. Arritmia cardíaca, bradicardia, assistolia, parada cardíaca, infarto agudo do miocárdio, bem como hipertensão arterial severa, são relatos frequentes. Apresentamos o resultado de um estudo prospectivo realizado em 31 pacientes submetidos ao procedimento de compressão do gânglio trigeminal por balão. Foram randomizados em dois grupos com idade, gênero e condições clínicas similares, visando avaliar se o bloqueio anestésico do gânglio trigeminal com lidocaína 2% (0,6 mL) antes da insuflação do balão faria diferença com relação à pressão arterial (PA), à frequência cardíaca e ao resultado final. Todos os pacientes realizaram o procedimento sob anestesia geral. Os pacientes eram 60% do sexo masculino, e 40%, do feminino, com idade média de 62 anos. Todos com neuralgia trigeminal idiopática, refratários ao tratamento clínico (ao menos carbamazepina ou oxicarbazepina, fenitoína, baclofeno, gabapentina, clonazepam), sem procedimento prévio. Sessenta e três por cento eram hipertensos e em uso de medicação, mas com a PA controlada. As variáveis hemodinâmicas (PA, frequência cardíaca, oximetria periférica) e BIS foram medidas a cada minuto nos cinco tempos relacionados ao procedimento: pré-anestesia (PRE), anestesia geral (ANE), punção do gânglio trigeminal (PGT), insuflação do balão (INS) e desinsuflação (DES). O procedimento cirúrgico foi realizado conforme a rotina do serviço, com 2 minutos de insuflação e aspecto do balão controlado por radioscopia. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os valores das médias de PA observados nos pacientes submetidos ou não ao bloqueio anestésico no período pré-operatório (p = 0,868), durante a anestesia geral antes da manipulação cirúrgica (p = 0,569) e no despertar da anestesia geral (p = 0,273). Houve diferença estatisticamente significativa entre os pacientes dos dois grupos de estudo, quanto aos valores das médias de PA durante a punção do gânglio trigeminal e a insuflação do balão. O bloqueio anestésico do gânglio trigeminal acarreta menor repercussão hemodinâmica. O racional diz respeito ao bloqueio do reflexo trigêmino-cardíaco pelo anestésico local, visto que a lidocaína é um potente bloqueador de canal de sódio.