Resumo
A fratura de côndilos occipitais é uma afecção considerada rara, mas que pode estar
sendo subdiagnosticada. Fatores como a apresentação clínica variável, o exame físico
frustro e a não identificação por radiografia simples dificultam esse diagnóstico,
podendo levar a complicações como paralisia de nervos cranianos caudais e até mesmo
a óbito. O presente estudo tem como objetivo revisar a literatura pertinente às fraturas
de côndilos occipitais, com enfoque nas considerações anatômicas da junção craniocervical
e ressaltando aspectos fisiopatológicos, parâmetros clínicos e as controvérsias quanto
ao tratamento. O incremento das técnicas radiológicas e a maior disponibilidade e
uso de tomografia computadorizada possibilitaram o aumento do número de casos descritos
dessas fraturas nas últimas décadas. A apresentação clínica é inespecífica e a tomografia
da junção craniocervical é o método diagnóstico de escolha. A ausência de diagnóstico
é responsável por sequelas, como déficits neurológicos, e foram descritas taxas de
mortalidade de até 16% em casos de fraturas bilaterais. O mecanismo de injúria exato
não é bem conhecido, mas a maioria dos autores indica a hiperextensão do pescoço associada
à força vertical sobre a junção craniocervical. O tratamento é controverso, por causa
da inconsistência nos resultados obtidos com o tratamento conservador baseado na classificação
de Anderson e Montesano, em comparação com o escasso número de doentes tratados cirurgicamente.
Abstract
The occipital condyle fractures are rare lesions, but they may have been under-diagnosed.
Factors such as variable clinical presentation, inconclusive physical examination
and no identification in the simple radiography difficult the diagnosis and may lead
to complications such as paralysis of cranial nerves and death. This study aims to
review the literature about occipital condyle fractures, emphasizing the anatomical
considerations of the craniovertebral junction, pathophysiological view, clinical
presentation and controversies regarding treatment. The improvement in radiological
techniques and the increased availability and usage of computed tomography allowed
the growth of reported cases of these fractures in recent decades. The clinical presentation
is nonspecific and CT of the craniocervical junction is the diagnostic method of choice.
The absence of a diagnosis is responsible for sequel, such as neurologic deficits,
and as mortality rates are of up to 16% in cases of bilateral fractures. The exact
mechanism of injury is not well known, but most authors indicate the hyperextension
of the neck associated with the vertical force on the craniocervical junction. The
treatment is controversial due to the inconsistencies in the results obtained with
conservative treatment based on the classification of Anderson and Montesano, compared
to the small number of patients treated surgically.
Palavras-chave
Articulação atlantoccipital - osso occipital - cervicalgia - atlas cervical
Keywords
Atlanto-occipital joint - occipital bone - neck pain - cervical atlas