Resumo
Introdução: A disautonomia ou hiperatividade simpática paroxística (HSP) pode ocorrer em até
um terço dos pacientes vítimas de trauma de crânio grave, entretanto ainda é uma entidade
sem tratamento estabelecido. O uso de morfina intravenosa é descrito para o tratamento
da HSP, sendo observada melhora principalmente na diminuição das frequências respiratória
e cardíaca. Partindo desses preceitos, este estudo analisa os efeitos da morfina peridural
nos pacientes com HSP. Pacientes e métodos: Foram avaliados três pacientes (dois masculino e um feminino), com idade média de
20,6 anos, vítimas de trauma de crânio grave, que apresentaram durante a evolução
quadro clínico sugestivo de disautonomia. Os dados coletados incluíram detalhes do
trauma, parâmetros fisiológicos, medicações utilizadas e evolução dos sintomas. Nesses
pacientes, foi realizada infusão de morfina 4-6 mg/d no espaço peridural, em nível
torácico, com média de 25,6 dias. Resultados: Dois pacientes tinham sinais radiológicos de lesão axonal difusa e um paciente tinha
um volumoso hematoma extradural que foi operado. Os principais sintomas encontrados
nos três pacientes foram sudorese, taquicardia, hipertermia e posturas distônicas.
Em dois pacientes a hipertonia era global e em um paciente a postura distônica predominava
no hemicorpo esquerdo. Após a passagem do cateter epidural com infusão de morfina,
foi observada, já na primeira semana, melhora dos sintomas da hiperatividade simpática
e da hipertonia nos grupos musculares envolvidos. Conclusão: O uso de morfina peridural pode ser uma alternativa de tratamento nos pacientes com
HSP refratários ao tratamento clínico.
Abstract
Introduction: The dysautonomia sympathetic hyperactivity or sympathetic storm syndrome (SSS) can
occur in one third of patients with severe brain trauma, however, is still an entity
without established treatment. The use of intravenous morphine is described for the
treatment of SSS, and noted improvement mainly to lower frequencies of breathing and
heartbeat. In this study we examine the effects of epidural morphine in patients with
SSS. Patients and methods: We evaluated 3 patients (2 male, 1 female), with an average age of 20.6 years, victims
of severe head trauma that presented SSS in hospital stay. The data collected included
details of trauma, of physiology, medications used and symptoms. In these patients,
infusion of morphine was realized 4 to 6 mg/d in the epidural space in the dorsal
level with an average of 25.6 days. Results: Two patients had tomographic signs of diffuse axonal injury and one patient had a
large acute epidural hematoma underwent to surgery. The main symptoms found in three
patients, were dysautonomia, sweating, tachycardia, hyperthermia and postures distonics.
In two patients, the stiffness was comprehensive and in one patient in the distonic
posture in left side. After the procedure of the epidural catheter implant with infusion
of morphine was found in the first week an improvement of symptoms of hyperactivity
sympathetic. Conclusion: The use of epidural morphine can be an alternative treatment for sympathetic hyperactivity
in patients with SSS.
Palavras-chave
Disautonomias, traumatismos encefálicos, morfina, lesão axonal difusa
Keywords
Dysautonomia, craniocerebral trauma, diffuse axonal injury, morphine